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Memórias gustativas




Vamos lá fazer um ponto prévio antes de irmos ao assunto principal: sou completamente viciada em chocolate! Tudo o que tem chocolate marcha (com excepção para chocolate com sabor a mentol). Até os famosos bombons com licor dentro (que não gosto) acabo por comer, num ritual trabalhoso (toca a abrir o bombom, esperar pacientemente até escorrer todo o licor, tirar a cereja e só depois comer) mas que no final vale a pena. Não sou esquisita em relação a chocolate e até aqueles chocolates de marca branca que muitos dizem que não valem nada eu como-os com a maior satisfação. Até o chocolate de culinária marcha quando não há mais nada.
Posto isto já estão capazes de perceber o que se segue daqui para a frente.

Outro dia estava eu já na cama pronta para dormir e eis que me lembrei de chocolate. E pronto, estava o caldo entornado, eu sabia-o. Uma vez que a ideia aparece instala-se facilmente e depois é uma consumição. Não adianta contrariar a ideia. Comecei a pensar no que havia por casa e comecei a perceber que não havia chocolates em casa (como dizia o Artur Albarran - "o horror, a tragédia, o drama!"). Levantei-me e fui à gaveta onde costumo "esconder" as guloseimas para situações criticas e lá no fundo da gaveta encontrei uma caixa linda, dourada, cheia de bombons. E eu já nem me lembrava daquela doce caixinha com bombons artesanais que me ofereceram... no Natal (não vamos falar nisto. Nem sei como é que eles ficaram esquecidos desde tanto tempo)! Pulos de alegria, palminhas de contentamento e eu já a salivar. Abro a caixa e toca a enfiar um à boca. Primeira trinca de forma efusiva (mesmo à lambona) e, de repente, paro de trincar. Começo a fazer aquela cara estranha de quem provou e não gostou... Porquê? Porque os chocolates já estavam impróprios para comer. O chocolate tinha já um sabor assim meio para o rançoso, estava já meio meloso e não estava propriamente o ex libris do chocolate. Mas o pior não é isto...
Mal eu dou essa primeira trinca e sinto aquele sabor como se estivesse a comer madeira ou a lamber sabão qual é a primeira coisa que me lembro? A memória que isso me evoca?... A minha avó paterna! E isto é que é grave. Eu lembrar-me da minha avó que já não está entre nós há muitos anos por causa de um chocolate com sabor o ranço.
A minha avó tinha o hábito de enfiar tudo o que era chocolates nas gavetas do armário da sala de jantar para quando fossem lá os netos dar-lhes um chocolatinho. O problema é que, para não ocupar muito espaço ela tirava-os das suas caixas e metia-os todos misturados na gaveta acabando por misturar os recentes com os antigos, os que tinha protecção com aqueles que não tinham nenhum papel ou plástico à volta, e aquilo era uma salgalhada. Sucede que na maioria das vezes quando nos dava um chocolate já vinha meio recesso e com aquele sabor tão característico de chocolates que ficam esquecidos e fechados numa gaveta de madeira. 
E eu mal meti o meu lindo bombom à boca lembrei-me automaticamente da minha avó paterna. A minha avó que se lembrou de pintar o cabelo (todo branquinho) de loiro aos 80 anos. A minha avó que começou a usar soutien só nos seus últimos anos de vida porque via as outras mulheres mais novas a usar. A minha avó que não tomava um único comprimido sem ler a bula de fio a pavio com medo que os médicos a estivessem a enganar. A minha avó que não fazia fretes e mostrava claramente de quem gostava e de quem não gostava. A minha avó tão peculiar.

Ah... antes que perguntem... mesmo o bombom tendo um sabor fraco comi-o até ao fim. E depois ainda comi outro. Eu precisava mesmo de chocolate. E mesmo que o sabor não fosse a chocolate, mentalizei-me que era um bombom excelente e delicioso e isso enganou o meu cérebro.

Comentários

  1. A tua avó era muito engraçada :D olha, eu também adoro chocolate! Mas os bombons do Natal nunca duram tanto como os teus :P

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    1. Os meus bombons também não costumam durar tanto. Estes ficaram esquecidos no fundo da gaveta com tralha à frente... Um sacrilégio eu sei, estragar chocolate... Onde é que já se viu!

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    2. Pois não. Eles os fazem com prazo a experirar em menos que um ano! :DDD
      Para muitos é como se fossem expirar no momento de se abrir a embalagem :DD

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    3. Pois não. Eles os fazem com prazo a experirar em menos que um ano! :DDD
      Para muitos é como se fossem expirar no momento de se abrir a embalagem :DD

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  2. Criminosa!
    « escorrer todo o licor, tirar a cereja» ... lol. Há quem os coma só pelo licor e a cereja :DD

    Mas entendo. Prefiro chocolates sem grandes misturas. Mas não tenho favoritos. Gosto pelo paladar e pela textura, de um bom chocolate ou bombom. Porem não sou muito chocolatra. Não aprecio qualquer bolo de chocolate e dispenso mousse.

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    1. Não gosto cá de misturas! E como não sou muito apreciadora de licores e vinhos no geral, não aprecio tanto esse tipo de bombons.

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  3. Não sei se percebeste que pode ter sido a tua avó a criar-te o desejo e a «implatar» na gaveta do SOS chocolate uns bombons esquecidos por milagre dos 3 pastorzinhos. Acho que ela queria que te lembrasses dela. Deve estar a querer alguma coisa :DDD

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  4. Não sei se percebeste que pode ter sido a tua avó a criar-te o desejo e a «implatar» na gaveta do SOS chocolate uns bombons esquecidos por milagre dos 3 pastorzinhos. Acho que ela queria que te lembrasses dela. Deve estar a querer alguma coisa :DDD

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