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A era moderna do café em cápsulas



Ainda me lembro quando há uns tempos atrás (não tão atrás quanto isso que eu ainda sou praticamente uma adolescente), no final dos jantares em casa de amigos ou familiares se fazia a simples pergunta "Quem quer café?" e uma pessoa lá dizia "Eu" ou "Eu não" e estava o assunto encerrado. 
Hoje em dia a coisa não é bem assim... Com a diversidade de máquinas de café e de cápsulas que existem no mercado, quase toda a gente tem uma máquina de café em casa. Uma pessoa vai a um jantar a casa de alguém e chega sempre aquela altura em que alguém nos pergunta se queremos café e o que se passa a seguir é mais ou menos o seguinte:

Pessoas no geral (P): Queres café?
Eu: Sim
P: Café ou descafeinado?
Eu: Café
P: Qual queres?
Eu: Um qualquer...desde que seja café.
P: Mas queres intenso ou normal?
Eu: Qualquer um serve, não sou esquisita.
P: Mas queres o Roma, o Volluto, o Kazaar, Arpeggio, Indriya, Dulsão... (a esta altura já eu desliguei e já estou a ponderar se quero mesmo café)
Eu: Qualquer um... Aquele que tiveres mais...
P: Tenho todos... Mas também tenho ali uns que são edição limitada, queres experimentar?
Eu (a pensar que estou perto do fim deste inquérito ao estilo do FBI): Pode ser...
P: E qual queres: o Ethiopia, o Uganda, bla ba bla
Eu: Pode ser o primeiro (lá atiro isto sem saber qual a diferença entre o primeiro e todos os outros na tentativa desesperada de acabar com isto)
P: Ok, vou tirar o café. Queres com açúcar, adoçante, canela, óleo de cóco, açúcar amarelo?
Eu: Sem nada, obrigada.


Eu não estou a reclamar que me ofereçam café (bebida que aliás aprecio muito e bebo diariamente), o que estou a lamentar é todo o inquérito que é feito na hora de tomar café. Aquilo que seria um momento de prazer acaba por ser um momento cansativo. Ou fazemos de conta que dominamos os 327 sabores diferentes de café e atiramos com convicção o nome de um deles, antes de qualquer interrogatório (correndo o risco da pessoa não ter esse e ser pior a emenda do que o soneto) ou passamos por incultos do café da era moderna.

Comentários

  1. Linhas Cruzadas22 de fevereiro de 2018 às 10:40

    Mas eu gosto de café! Não gosto é de todo o interrogatório à volta do café :(

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