Ontem, quando saia de casa para ir para o trabalho passei por um incêndio. Por coincidência o incêndio ficava a escassos metros da casa da minha avó e por isso decidi parar, ver o que realmente se estava a passar, ver se estava tudo bem com os meus e se era preciso chamar ajuda para a situação em questão (não sou a típica portuguesa que adora ver desgraças e que não pode ver um acidente que se enfia logo em cima do acontecimento a mandar bitaites. Detesto ver desgraças. Fico logo a tremer e com um mau-estar generalizado. Não fosse a proximidade do incêndio à casa da minha avó nem sequer parava. Até porque os bombeiros já estavam a chegar).
Quando parei o carro, os dois primeiros carros de bombeiros tinham acabado de chegar, ainda mal tinham desenrolado as mangueiras. Rapidamente começaram carros a parar na estrada e a embaraçar o trânsito, pessoas a amontoar-se e a dificultar a passagem a quem estava realmente a fazer alguma coisa e, pior de tudo, quase em cima das chamas já estavam montes de curiosos de telemóveis apontados a fotografar e a filmar a desgraça alheia. Pior que isso foi ver alguém com uma mega máquina fotográfica toda xpto a registar todos os pormenores. Estar ali montes de gente com o telemóvel apontado às chamas eu até compreendo. Hoje em dia quase toda a gente tem telemóvel com câmara e é fácil fotografar (se bem que não entendo o propósito de fotografar a desgraça alheia). Mas uma máquina fotográfica? Se isto se passasse no centro de uma grande cidade eu até compreendia. Há turistas, há gente que gosta de fotografia a deambular pelas cidades e a fotografar... mas isto foi numa aldeia! A probabilidade de estar a passar ali um turista ou um amante da fotografia é muitíssimo reduzida. Chego à conclusão que chegam primeiro os curiosos e os fotógrafos da desgraça alheia do que a ajuda (e neste caso a ajuda foi bem rápida e eficaz e felizmente acabou tudo bem, só estragos materiais).
Comentários
Enviar um comentário