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Às vezes ainda fico parva com as pessoas

Ou eu sou muito tapadinha e continuo a achar que as pessoas no geral sabem funcionar bem e de forma coerente ou então este mundo não é próprio para consumo. Então no que toca à educação das crianças e à transmissão de modelos e valores é de deitar as mãos à cabeça. Eu não sou mãe, provavelmente se um dia o for irei cometer muitos erros e irei fazer coisas que até ter um filho achava inconcebível. Mas embora não tenha nenhum filho, tenho crianças na família a quem tento incutir regras e valores, trabalho com crianças com diferentes problemas e "feitios difíceis" e vou ganhando algum treino. E uma das lições que fui aprendendo com o tempo é que é preciso saber ter paciência com as crianças. Educar custa e demora muito tempo. Não se pode querer ensinar todas as regras de bom comportamento (se bem que o bom comportamento é muito subjetivo) em 5 minutos, não se pode pedir às crianças para agirem de uma maneira e nós adultos (supostos modelos de referência) fazermos precisamente o oposto, não se pode hoje pedir à criança para ter determinado comportamento face a determinada situação e no dia seguinte, na mesma situação, pedir outro comportamento completamente diferente, não se pode hoje querer ter regras para tudo e amanhã porque chegamos cansados a casa deixar as regras de lado e eles que façam tudo o que lhes apetece só para não nos chatearem mais.

As crianças aprendem muito por modelagem e reforço positivo e tudo isso demora tempo. É preciso insistir e é preciso ser coerente. Sobretudo ser coerente entre aquilo que lhes pedimos e aquilo que fazemos à sua frente. Um erro típico é aquele do "Não se deve mentir. Deve-se dizer sempre a verdade" e mal se sai porta fora e se encontra a vizinha da frente é um sem número de mentiras ditas em frente à criança. Em que é que ficamos: dizemos à criança que "mentir é feio" e somos nós os primeiros a quebrar as regras e ainda se usa o argumento "aquilo que a mãe e o pai diz fora de casa não é para contrariar". Outra muito típica é dizer que "bater aos outros meninos é feio" e depois educamos à base das palmadas (isto para não dizer coisas mais graves). O pior de tudo é quando estes erros são todos cometidos ao mesmo tempo. Estes e outros.

À uns dias atrás assisti a uma cena (deprimente) que me ficou na cabeça. Estava eu parada no trânsito e às tantas começo a ouvir crianças aos gritos. De seguida oiço uma voz adulta também aos gritos. Presto maior atenção para perceber de onde vinha o barulho e o que se passava e reparo que vinha de um carro que estava parado do outro lado da estrada, em segunda fila. E o cenário era este: uma senhora ao volante a mexer no telemóvel e três crianças aos gritos no banco de trás. A senhora a tentar gritar ainda mais alto para as crianças (e a dizer, aos berros "calou, já não vos posso ouvir. Ou se calam ou já sabem o que vos acontece"), as crianças a continuar a gritar, todos irrequietos e a senhora sem parar de gritar, cada vez levantava mais a voz, sem nunca largar o telemóvel. Às tantas a voz da senhora já tinha abafado os gritos das crianças mas isso não lhe bastou. Abriu a porta num pranto, esbarrou o telemóvel para o banco do carro,saiu do carro, abriu a porta de trás e começa a bofetear uma das crianças em todas as zonas do corpo que conseguiu ter acesso. No final das bofetadas, vira-se para a criança, aos gritos e diz "Viste! Grita agora! É para aprenderes". Volta a entrar no carro, esbarra a porta com quanta força tinha e volta a pegar no telemóvel (neste momento lembrou-se de olhar à volta para ver se alguém tinha visto...).
Questiono-me que ensinamentos é que estas crianças tiraram desta situação. O que é que elas aprenderam... Sem querer ser fundamentalista, questiono-me que adolescentes serão mais tarde? Que adultos serão mais tarde?... A culpa é deles? Não me parece. A educação cabe aos pais e a violência é uma coisa que se aprende.

Sabem porque é que esta história não me saiu da cabeça? Porque eu devia ter feito qualquer coisa e não fiz. Devia pelo menos ter ido falar com a senhora, chamar a atenção para a desproporcionalidade da sua reacção, tentar acalmar, qualquer coisa... Mas fui cobarde. Tive receio de criar ali uma confusão e de chamar a atenção a outras pessoas (se é que alguém ainda não tinha reparado), tive receio que ela fosse agressiva comigo.
Maus-tratos a crianças é crime, não é educação. Se esta senhora age assim na rua, com outras pessoas por perto, nem quero imaginar como será o comportamento dela na privacidade, a sós com estas crianças.

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